Com a Internet, estudantes se interessam mais pelo aprendizado
Um projeto social demonstrou que o uso orientado de ferramentas digitais melhorou o rendimento dos adolescentes. A experiência será exposta pela coordenadora, professora Luciana Chianca, durante o 8º Encontro da Anid.
O tema do projeto envolveu o patrimônio artístico e cultural local, um assunto difícil de tratar com os jovens. A interação com a Internet foi a estratégia usada no projeto Patrimônio Memória e Interatividade (Pamin), da UFPB, e integra hoje outros parceiros na sua execução. Mais de 200 jovens já passaram pelo projeto em João Pessoa e Alhandra. Neste ano, ele vai ser realizado em Bayeux.
A tática foi desenvolvida pela professora Luciana Chianca: “A Antropologia trata, entre outras coisas, da inserção do indivíduo na comunidade e sua identidade, e observamos que alguns grupos de adolescentes não conhecem o patrimônio cultural e artístico do lugar onde vivem. Dando ferramentas e orientação para esses meninos, vimos que o interesse deles pelo aprendizado cultural aumentou”, disse. Chianca fará palestra no 8º Encontro Nacional da Associação Nacional para Inclusão Digital.
O Pamin tem ações que atraem os adolescentes para a aquisição do conhecimento. O professor de História Walter Lúcio Dias participou do projeto na Escola Estadual Renato Ribeiro Coutinho, em Alhandra, na Paraíba, no ano passado. Foram 91 alunos inscritos. Com o projeto a escola recebeu em 2014 o prêmio Mestres da Educação, do Governo do Estado da Paraíba e tornou-se Escola de Valor.
“Começamos aprendendo a valorizar o patrimônio que temos na escola. Depois fomos conhecer os prédios públicos, como a Igreja Nossa Senhora da Assunção, investigar sua história. Entramos numa fase de identificação dos grupos de música, de capoeira... E chegamos à tradição do culto dos juremistas de Alhandra, singular na Paraíba”, esclareceu o professor.
De acordo com Walter Dias, o culto de Jurema Sagrada é uma expressão religiosa de sincretismo entre os cultos católico, espírita, africanos e indígenas. “Os indígenas já estavam na terra. Depois, havia um quilombo muito forte na região, o que levou a formação de vários terreiros de umbanda e candomblé. Com o tempo, a influência de outras seitas contribuiu para a forma do culto que é feita hoje. Mas o preconceito contra esse culto é muito grande. Os alunos o conheciam de forma pejorativa e preconceituosa e pela participação no Pamin essa percepção mudou”, contou Walter Dias.
A coordenadora do Pamin, Fabiana Chianca, explicou que o projeto tem um site feito em parceria com o Núcleo de Pesquisa e Extensão em Aplicações de Vídeo Digital – LAViD/UFPB. Depois de fazerem pesquisas, os alunos inserem os conteúdos no site www.pamin.lavid.ufpb.br. Ele é colaborativo e concentra as informações levantadas em cada localidade.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) também integra o projeto. “Trabalhamos ainda com monitores da universidade, com a ONG Alegria e Fé e com o Cras (Centro de Referência em Assistência Social) Mandacaru nos anos 2012, quando o projeto iniciou, e 2013. É o trabalho conjunto que gera resultados positivos”, reconheceu a coordenadora.
Em Mandacaru, um bairro de João Pessoa onde os moradores sofrem com a violência do tráfico de drogas, o Pamin envolveu também os idosos. “Os jovens se empolgaram quando conheceram os grupos de música do bairro, o pessoal da Ala Ursa... E os idosos tiveram oportunidade de interagir com a Internet”, falou a coordenadora do Cras Mandacaru. Flávia Carolina Vasconcelos.
Esta e outras experiências de inclusão digital serão apresentadas no 8º Encontro da Anid, na Expotec,
A entrada para a feira, praça de alimentação e o Espaço Conexão (Internet rápida) é livre. As inscrições para oficinas, palestras e dabates podem ser feitas pelo site www.expotec.org.br.
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