Tecnologia para deficientes visuais em foco: confira entrevista com Marcos OAP

Por Danilo Monteiro CPJ/UFPB e Pedro Paulo - UFPB

Imagine a criação de óculos que permitissem deficientes visuais a andarem livremente na rua, dispensando a ajuda de uma bengala? Parece coisa de ficção científica, mas esse produto é bem real e já tem nome: chama-se AnnuitWalk. Criado pelo pernambucano Marcos OAP, o dispositivo já ganhou prêmios de destaque e foi fruto de uma palestra na EXPOTEC 2015.

O produto é fruto de uma startup criada por Marcos, chamada WearIT, que tem o objetivo de unir as tecnologias wearable – ou “vestíveis”, como o já famoso Google glass – com às acessíveis, que proporcionam uma maior qualidade de vida e inclusão social às pessoas com deficiência física.

O AnnuitWalk funciona da seguinte forma: os óculos estão ligados a um bracelete no braço do usuário via bluetooth. Quando algum obstáculo se encontra próximo do ângulo de visão do aparelho – que cobre exatamente 120º -, os óculos, equipados com um ultrassensor, fazem com que o bracelete vibre, indicando o melhor caminho a ser seguido.

“São óculos inteligentes para deficientes visuais.”, afirmou o palestrante. “Isso só aconteceu graças a uma pesquisa que a gente fez em 2014, quando a gente foi em instituições de cegos e viu os problemas de mobilidade que eles tinham.”, concluiu.

“O modo que o projeto teve alcance e a sensibilidade deles em pesquisar algo que realmente faria a diferença nas vidas dos cegos foi o que mais me impressionou na palestra”, afirmou a professora Ellen Costa, participante do evento. “Também achei muito bacana a ideia do mapeamento dos lugares mais críticos para os deficientes através do próprio dispositivo”, acrescentou.

 

Confira abaixo a entrevista que o CPJ realizou com o desenvolvedor Marcos OAP:

EXPOTEC – Quais são suas expectativas ao exibir o seu projeto aqui na EXPOTEC?

MARCOS OAP – É uma ótima oportunidade. Eu acho que é de extrema importância olhar por esse lado [do deficiente] também, pois quando pensamos em tecnologia wearable, pensamos no consumidor final que não tem nenhuma limitação. Existe uma oportunidade muito grande de criarmos tecnologias mais inteligentes. Quando você vai ver uma tecnologia para cego, por exemplo, você vê uma bengala guia, instrumentos mais físicos, sem algo eletrônico, sem o recurso... Instrumentos que considero arcaicos. A ideia é difundir isso.

EXPOTEC – Essa tecnologia utilizada pelo AnnuitWalk é inovadora? Como fazer para que essa tecnologia adentre de vez na indústria e se propague?

MARCOS OAP - Sim, é pioneira. O desafio maior é que, por ser uma tecnologia mais física e também voltada para um mercado menor e mais limitado, temos que correr atrás de investimentos, de aceleradoras, grupos de investimento em geral, para tentar colocar essa tecnologia no mercado.

EXPOTEC  – Qual é a sua ideia para difundir essa tecnologia aqui no Brasil?

MARCOS OAP - Nós já nos inscrevemos em vários campeonatos e palestras. Uma delas foi um evento mundial, o World Summit Youth Award 2014, onde competimos com mais de 2.000 projetos de todo o mundo e fomos um dos vencedores. E o intuito é inspirar pessoas a fazer algo no mesmo sentido.

 


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